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As lições do Japão sobre zoneamento urbano

01/08/2022

Fonte: Movimento Somos Cidade

Casas independentes e multifamiliares, escolas, clínicas de saúde e templos, igrejas ou santuários misturam-se a pequenos negócios e escritórios no tecido urbano que compõe diversas localidades japonesas. É comum lojistas morarem no pavimento acima dos seus estabelecimentos, fábricas de menor porte instaladas ao lado de habitações unifamiliares e uma multidão de pessoas circulando pelas ruas de bicicleta, como descreve o canadense Greg Lam, que há anos vive em Tóquio e compartilha informações e peculiaridades sobre o país em seu canal no YouTube, o Life Where I’m from.

E esse cenário só é possível, segundo Lam, devido às normas de zoneamento estabelecidas de forma centralizada pelo governo para todo o território nacional e que preveem o uso misto na maioria das regiões dos municípios, incluindo aquelas com mais restrições. Enquanto no Canadá e nos Estados Unidos as cidades ainda são marcadas pela separação estática entre moradias, comércio e indústrias, com a predominância do zoneamento unifamiliar, no Japão pode-se ter, em um mesmo bairro, habitações independentes e prédios baixos para três, quatro ou mais famílias, assim como alguns tipos de lojas e serviços, exemplifica Lam.

Além disso, as categorias de zoneamento japonesas têm outras restrições associadas, como a taxa de ocupação dos lotes e altura e recuo das edificações, concebidas para garantir ventilação e iluminação natural apropriada. Apesar da política ser centralizada e ter abrangência nacional, os governos municipais são os responsáveis por implementá-la e pela distribuição das terras entre as 12 zonas e por idealizarem os seus próprios planos diretores, como detalha matéria do nosso portal. No entanto, esses documentos precisam ser aprovados pelo departamento de Planejamento das Cidades do Ministério da Terra, Infraestrutura, Transporte e Turismo, que controla ainda os códigos construtivos do país.

Renovação acelerada de habitações pode criar mais unidades no mercado japonês, entre as muitas tradições nipônicas, a atualização dos estoques de moradias é uma das que chama a atenção. As “casas descartáveis”, como chamou Alan Durning, diretor-executivo do Instituto Sightline, são um fenômeno tanto cultural como uma necessidade de segurança. Durning pontua em seu artigo que as rigorosas leis de proteção contra terremotos do país são remodeladas frequentemente, o que faz com que os imóveis depreciem rapidamente, entre 20 e 30 anos, e sejam substituídos logo em seguida. “Como as reservas habitacionais mudam velozmente, o Japão tem muito mais chances de instalar edifícios maiores (onde antes havia pequenas casas e, assim, elevar o parque residencial)”, enfatiza.

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